segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Brincar de Igreja


O mundo está cansado de igreja que brinca de religião.A Igreja brincou de religião quando não se levantou veementemente contra injustiças como nazismo e a ditadura militar.

Brinca-se de Igreja quando fechamos os olhos para as injustiças sociais: ganha-se dinheiro sem trabalhar, só com especulação na Bolsa de Valores, e trabalha-se sem ganhar dinheiro como tantos assalariados brasileiros.


Brincamos de Santa Ceia quando a mesma boca que recebe o corpo e sangue de Cristo é utilizada para falar mal do próximo e trazer discórdia.

Brincamos de Igreja quando utilizamos a congregação como um clube, no qual todos devem fazer a nossa vontade. Criamos partidos dentro do clubinho e não abrimos mal de nada.

Em suma, brincar de Igreja é esquecer que Cristo veio para servir e nos envia para servirmos o próximo. Basicamente, esse é o “novo ensino com autoridade” de Jesus (v. 27). 


Jesus, o Profeta e Rei: a autoridade do Santo de Deus 


O “ensino” de Jesus era “novo” (kainos) não por ser algo inédito, mas por revelar uma forma de se relacionar com Deus diferente daquela que os escribas ensinavam nas sinagogas. Foi esse contraste que causou admiração nas pessoas de Cafarnaum que escutaram Jesus ensinar na sinagoga. 

Por mais de 350 anos os escribas ensinaram a Halakah, coletânea de interpretações da Bíblia e de regras para a vida. Basicamente, os escribas ensinavam que para agradar a Deus qualquer pessoa deveria obedecer às regras religiosas. 

Felizmente, Jesus não brincou de Igreja. Os habitantes de Cafarnaum ficaram admirados porque Jesus ensinava com autoridade, não era como os escribas que só repetiam antigas regras. “Será que esse nazareno é o novo profeta (Dt 18)?” - deve ter sido o questionamento de alguns.

Incrivelmente, as dúvidas foram respondidas por demônio. Marcos conta que enquanto Jesus ensinava na sinagoga, um homem possuído por um espírito mau gritou: “O que você quer de nós, Jesus nazareno? Quer nos destruir? Sei muito bem quem você é: é o Santo que Deus enviou!”

Jesus, o novo profeta, ordenou: “Cala a boca e saia desse homem!”

O povo maravilhou-se ainda mais com o nazareno: “Que é tudo isso? Ele manda até nos demônios! Ele traz um novo ensinamento com autoridade!” 

O povo conclui que Jesus não era somente um profeta, mas também o Rei do Universo, o Messias que sentaria no trono de Davi. Era isso. Jesus era profeta e rei – o Santo que Deus enviou. 

Jesus, Sacerdote: autoridade é servir 

O ensino de Jesus foi considerado novo por seu caráter revolucionário. A vida de Jesus, rei e profeta, foi um ato sacerdotal. Jesus veio para oferecer-se como sacrifício pelos nossos pecados. Na epístola aos filipenses, Paulo escreve que Jesus “abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo e obedeceu a Deus até a morte – morte de cruz” em nosso lugar, para nossa salvação. Nisso consiste a maior autoridade: Jesus veio para servir. Se antes os escribas ensinavam que o ser humano deveria esforçar-se para chegar até Deus, Jesus revelou o ensino verdadeiro: Deus vem até nós para salvar-nos da morte eterna. O “novo ensino” foi escrito com sangue sobre madeira e pedra. 

Em nosso batismo e pela Sua Palavra, Jesus nos chama a fazer parte da Igreja, a reunião de todos os que crêem em seu nome. E, como corpo de Cristo, somos enviados ao mundo para servir, para abrir mão de muita coisa a fim de “salvar alguns”. Na epístola de hoje, o apóstolo Paulo recomenda que os cristãos gregos abram mão de parte de sua liberdade para não ferir a fé e consciência de cristãos judeus. Os primeiros deveriam deixar de comer carne oferecida aos ídolos para não escandalizar os últimos (1 Coríntios 8). 

Tudo o que Jesus fez por nós move nossos corações e mente a servir ao próximo, especialmente aquele que é mais fraco do que nós. Pelo poder do Espírito Santo somos capazes de abrir mão de muita coisa a fim de manter a paz na congregação e trabalhar pelo bem de todos. 

Conclusão 

Igreja não é brincadeira, não é clube, não é show de talentos. Igreja é serviço. Serviço de Deus por nós, serviço de Cristo para nos salvar, serviço do Espírito Santo em nos iluminar, serviço nosso em favor de todos. 

No entanto, mesmo com tanto serviço sério, a Igreja é motivo de grande alegria e júbilo, pois quando estamos reunidos em nome do Deus Triúno recebemos a certeza da salvação e nos alegramos por tudo que Ele tem feito por nós. 

Com tanta alegria podemos louvar a Deus com salmista: 

“Como são maravilhosas as coisas que Ele faz! Todos s que se alegram por causa delas querem entendê-las. O Senhor não nos deixa esquecer dos seus feitos maravilhosos; ele é bom e tem muita misericórdia” (Salmo 111.2, 4)
Pastor Mário Rafael Y. Fukue

(Resumo da Mensagem de 29/01/2012)

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